03/05/2021 às 18h07min - Atualizada em 03/05/2021 às 18h07min

​Angra: família proprietária do túmulo afirma que banda se inspirou em estátua de PG

De acordo com advogado, grupo nega ter usado a estátua de Ponta Grossa como base para a ilustração porque não pediu autorização para usar a fotografia

Por Rafael Guedes
Foto: NCG.news
Menos de 24 horas após o portal ‘NCG’ publicar uma matéria sobre a lenda urbana envolvendo uma estátua do cemitério São José e a capa do álbum ‘Angels Cry’, lançado em 1993 pelo grupo de power-metal Angra, novas informações sobre o caso começaram a surgir dos mais diversos lados, deixando tudo ainda mais intrigante. 

Segundo a lenda, a estátua que enfeita o túmulo da família Taques no cemitério São José, na região central de Ponta Grossa, seria a mesma que aparece na capa do álbum. Em entrevista a este portal, o artista plástico Alberto Torquato, responsável pela capa, negou que a figura fosse baseada na estátua de Ponta Grossa. Segundo ele, a imagem foi baseada em uma estátua que se encontra no cemitério São Paulo, localizado na rua Cardeal Arcoverde, na capital paulista. 

De acordo com o artista, ele se baseou em fotografias tiradas pelo próprio André Matos, primeiro vocalista da banda, morto em 2019, que pediu para que a origem das fotos nunca fosse revelada, “para evitar comentários bobos”. “O anjo de Ponta Grossa é muito parecido. Talvez seja do mesmo autor do anjo que está no cemitério São Paulo”, concluiu Torquato. 


Confira a história completa aqui

Reviravolta 

O mistério estava resolvido… Até que entrou em cena o advogado e artista plástico Tito Fonseca, filho de Iolando Taques Fonseca, neto de Selecta Taques Fonseca e bisneto de Ernestina Virmond Taques, que estão enterrados no túmulo onde está a famigerada estátua. 

Tito conta que era o encarregado de lavar o túmulo para o Dia de Finados. Certa vez, no início dos anos 90, um homem que trabalhava com ele, de nome Marcelo Salomon Pinto, foi lhe acompanhar no trabalho de limpeza e ficou “apaixonado” pela obra, pedindo para fotografá-la. “Eu autorizei. Mais tarde, ele mostrou a imagem a um amigo que era de um grupo de rock. O cara ficou bem louco pela imagem e Marcelo deu a foto ao cara. Passado algum tempo, soubemos que a foto foi usada para a capa do disco que a banda dele tinha gravado”, afirma Tito. 

O “amigo”, no caso, seria André Matos, que passou inúmeras vezes por Ponta Grossa ao longo dos anos 90, seja com a sua primeira banda, o Viper, seja com o Angra ou em carreira solo. Segundo Tito, Marcelo, que já está morto, estudou com o cantor em São Paulo (SP), onde se tornaram amigos. 

Questionado sobre a afirmação do artista que fez a capa – de que a figura da ilustração foi inspirada em uma estátua de um cemitério da capital paulista –, Tito afirma que o ilustrador diz isso para esconder o fato de que, supostamente, a banda usou a imagem sem pedir autorização. “Eles falam isso porque não pediram ao Marcelo autorização para usar a foto. Mas é só checar a foto com a escultura, são idênticas. Por mais que exista uma outra parecida, não são idênticas”, aponta. 

Será por isso que André Matos pediu para que a origem das fotos nunca fosse revelada?

A propósito, Tito, que também é artista plástico, observa que, ao contrário do que pensam os fãs e provavelmente a própria banda, a figura da capa não é um anjo, mas, sim, a deusa grega da vitória Nike. “A escultura tem busto, ressaltando que é do sexo feminino. Os anjos são assexuados, andróginos”, explica. 

O advogado também descarta a hipótese de existirem duas réplicas da mesma estátua no Brasil, conforme argumentam alguns fãs da banda. “Essa estátua veio da Itália. Se existe outra igual, só pode ser na Itália”, aponta. 

Briga com a Igreja 

A história do túmulo, aliás, é tão saborosa quanto a lenda que o cerca. De acordo com Tito, o seu tataravô, Ernesto Frederico Virmond de Queirós, “não gostava de padres e vivia brigando com a Igreja”. Quando ele morreu, deixou um testamento em que determinava que queria um enterro simples em um caixão de costaneiras de pinho. Por conta disso, ele foi enterrado no cemitério São José em uma carneira, uma espécie de cova bem simples.

Mais tarde, a sua mulher, Carolina Virmond de Queiros, viajou para a Europa e na Itália encomendou o túmulo para revestir a carneira. “Ela determinou que não tivesse cruz, mas, sim, uma outra figura, por causa da briga dele com a Igreja. O túmulo veio desmontado e de navio”, relata. 

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