06/12/2021 às 13h18min - Atualizada em 06/12/2021 às 13h18min
Cinco perguntas para Geraldo Stocco
Primeiro político de Ponta Grossa a se eleger com ajuda das redes sociais, vereador de 28 anos relembra o início de sua trajetória, destaca o papel dos cidadãos — em especial, do jovem — no debate público, discorre sobre a sua visão política e comenta atritos com colegas de Câmara
Da redação
Foto: Divulgação
Com apenas 28 anos de idade, Geraldo Stocco (PSB) já está no segundo mandato como vereador de Ponta Grossa. Primeiro político do município a usar as redes sociais para se eleger, o ponta-grossense ingressou na Câmara Municipal em 2017, quando ainda integrava os quadros da REDE, aos 23 anos de idade. De lá para cá, o vereador tem se notabilizado por atuar em frentes como a do transporte coletivo, da mobilidade urbana, da igualdade de gênero e da moralização da política, entre outras. Na entrevista a seguir, o parlamentar relembra o início de sua trajetória, destaca o papel dos cidadãos — em especial, do jovem — no debate público, discorre sobre a sua visão política e comenta atritos com colegas de Câmara.
Você entrou para a política em 2016 — um ano antes, você começou a publicar vídeos que discutiam questões políticas a partir de uma linguagem mais jovem quando a ideia de políticos mais digitais não era tão presente. O que você destaca do início da sua carreira?
A forma de expor algo na internet em 2016 era completamente diferente da de hoje, apesar do curto espaço de tempo. Porém, foi a forma mais barata e rápida de tentar propagar algumas ideias sobre a cidade e sobre política pública. Nunca tive programa de rádio ou televisão, e felizmente a internet supriu a nossa necessidade e conseguimos divulgar algumas ideias, mesmo com vídeos amadores – meu tripé de câmera era uma pilha de livros e cadeiras [risos]. Posso destacar o fato de querer transformar o modo como se fala de política. A política foi feita para atender as pessoas e ser simples. Infelizmente é burocrática, porém deve ser simples ao atender as pessoas.
Antes de ser vereador, você foi estagiário na Câmara Municipal de Ponta Grossa (CMPG). O que mudou quando você deixou de ser estagiário e acabou sendo eleito vereador? Você viu algo com olhos diferentes?
A responsabilidade aumenta na mesma proporção da vontade de trabalhar. Quando eu era estagiário, via algumas coisas com as quais eu não concordava dentro da Câmara e me candidatei pensando na possibilidade de fazer diferente. Tenho tentado isso e, graças a Deus, temos conseguido trabalhar muito.
Você é um político jovem – não o mais jovem da Câmara, mas, mesmo assim, bastante jovem. Para você, qual é o principal desafio de fazer política e dialogar com o eleitorado mais jovem? O que te move a conversar com esse público tão distante e desmotivado da prática política convencional?
Eu procuro chamar a atenção do jovem e mostrar que a política é um meio para que muita coisa boa aconteça e também que o jovem tem grande influência e poder de decisão na política. É normal o jovem e a sociedade ter um certo repúdio à política, porém, é na política que as coisas acontecem quando falamos de sociedade e mudanças. É um desafio diário informar as pessoas do que acontece na Câmara Municipal para que elas se interessem e as decisões do Poder Público sejam outras. Afinal, quando há pressão popular, o risco de acontecerem algumas atrocidades na política é menor.
Em 2020, você buscou a reeleição e acabou sendo o segundo mais votado na disputa por uma vaga na Câmara Municipal. A que você atribui esse avanço na sua votação?
Acredito que a forma de trabalhar. Tento ser sempre o mais coerente possível. Não sou de prometer milagres, o que prometo e sempre prometi foi muito trabalho. Confesso que foi uma surpresa muito gratificante ver que o nosso mandato foi o o segundo mais votado da cidade. Agradeço a todos e todas que confiaram em nosso projeto para Ponta Grossa.
Desde que entrou no Legislativo, você teve uma postura combativa no que diz respeito a determinadas pautas, especialmente ao pagamento de diárias e à lisura da atuação dos colegas políticos. Nessa jornada, você entrou em confronto direto com outros parlamentares, como Felipe Passos (PSDB) e Leandro Bianco (Republicanos). A que você atribui esse tipo de confronto político mais incisivo?
Eu culpo a injustiça pelos conflitos que tenho na política. Eu vejo o mandato eletivo como uma oportunidade de fazer a coisa certa e ajudar as pessoas. Se eu não trabalhar direito, quem vai sofrer muito mais do que eu serão as pessoas que precisam do Poder Público. Então as brigas aconteceram por isso. Por mais difícil que o ambiente de trabalho fique, eu prefiro fazer o que é certo e denunciar práticas erradas. Fui eleito para trabalhar e zelar pelo interesse das pessoas. A partir do momento que atitudes de outros parlamentares começam a ferir isso, é meu dever denunciar e lutar contra essas atitudes.