21/12/2021 às 18h04min - Atualizada em 21/12/2021 às 18h04min
MP pressiona autoridades para resolver caos na saúde pública de PG
E mais: após cobrança do MP, Fundação Municipal de Saúde afirma que vai abrir UPA Santana para atendimentos infantis
Foto: Reprodução
Após a morte de um bebê à espera de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Santa Paula, a Promotoria de Justiça reuniu gestores municipais e estaduais para cobrar explicações sobre a crise na saúde de Ponta Grossa. Além do óbito por falta de atendimento, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) questionou o fechamento da porta de entrada no antigo Hospital da Criança, a superlotação na UPA e, ainda, um possível fechamento do Hospital Municipal Amadeu Puppi.
Segundo a promotora de Justiça Fernanda Basso Silvério, que convocou a reunião, a morte de um bebê de seis meses à espera de atendimento "demonstra falta de organização de todos os órgãos e entidades responsáveis pela saúde pública no município". Fernanda destacou, ainda, que o fechamento do Hospital da Criança agravou a situação nos atendimentos pediátricos em Ponta Grossa e que existem falhas nos serviços de urgência.
Em resposta aos questionamentos, o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Rodrigo Manjabosco, disse que a Prefeitura pretende abrir uma porta para pediatria na UPA Santana para aliviar a sobrecarga da UPA Santa Paula. Isso ocorreria no fim de janeiro de 2022 e, segundo ele, seria a solução mais rápida neste momento. Outra medida estudada pela FMS é a ampliação no horário das Unidades Básicas de Saúde (UBS) que são polos nos bairros, com a contratação e capacitação de funcionários.
Representantes do Conselho Municipal de Saúde também participaram do encontro e apontaram possível descumprimento contratual do Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai) ao fechar a porta para as crianças. Isso porque, quando a Prefeitura doou o imóvel à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), havia previsão para continuidade e ampliação dos serviços prestados. O diretor-técnico do Humai, Ricardo Zanetti, e o chefe da 3ª Regional de Saúde, Robson Xavier, negaram que o contrato tenha sido descumprido.
Segundo Xavier, houve ampliação dos serviços com a oferta de dez especialidades para pediatria. Ele ainda afirmou que o Humai se tornou um hospital de referência, para receber os pacientes após triagem em outras unidades.
Outra reclamação levada ao encontro, a qual seria a causa da demora nas transferências da UPA Santa Paula ao Humai, envolve a comunicação entre as unidades. Conforme exposto na reunião, após as 23h, a Central de Regulação de Leitos não opera e a comunicação é feita pela recepção do Humai. A promotora pediu que as autoridades de saúde melhorem a comunicação para evitar demoras em transferências.
Hospital Municipal vai fechar?
O assunto de um possível fechamento do Hospital Municipal, que já circulava nos bastidores da política, também foi levado à reunião. Os gestores da Saúde foram questionados sobre a possibilidade de o hospital fechar para reforma e qual seria o plano para garantir os atendimentos neste caso. Eles sinalizaram que não há plano de ação caso isso ocorra, mas que também não há confirmação de que o hospital seja fechado.
Além do possível fechamento do Hospital Municipal, representantes do Hospital Bom Jesus alertaram sobre eventual descredenciamento total da unidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste caso, o Bom Jesus atenderia apenas no particular ou via plano de saúde. A preocupação se deve à demora da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) na assinatura do contrato de pactuação para 2022. A 3ª Regional de Saúde garantiu que o contrato será assinado no próximo ano.
A reunião aconteceu no início deste mês, na sede do MP. Além de gestores da saúde pública, representantes de hospitais conveniados, como Santa Casa e São Camilo, participaram do encontro.