14/04/2022 às 11h31min - Atualizada em 14/04/2022 às 11h31min

COVID-19: como a pandemia afetou o comércio das grandes cidades paranaenses?

Segundo uma pesquisa feita pelo Fecomércio, a recuperação ocorreu em praticamente todos os setores; Ponta Grossa foi um dos grandes destaques do estado

Por Daniely Neiverth
Foto: AEN
As restrições da pandemia tiveram grande impacto para o comércio paranaense. Seja na diminuição de quadro de funcionários, na falta de clientes e até mesmo no fechamento de empresas

Porém, o que surpreendeu foi a grande retomada que o comércio paranaense teve. A Pesquisa Conjuntural do Comércio, do Fecomércio Paraná, lançada em fevereiro de 2022, aponta que o ano de 2021 fechou com alta de 7,87%. A recuperação ocorreu em praticamente todos os setores.

Ainda de acordo com a pesquisa, os ramos com maior crescimento nas vendas foram calçados, com aumento de 17,81%, vestuário e tecidos, com 15,77%, além de óticas, cine-foto-som (15,90%), materiais de construção (15,65%) e autopeças (14,99%).  

De outro lado, as papelarias e livrarias fecharam com -5,35%, devido às aulas remotas, muito provavelmente. O Fecomércio também informa que em 2020, em plena pandemia, o comércio teve uma queda de 4,57%. Porém, a recuperação em 2021 foi a melhor desde 2013. Confira a pesquisa neste link.

O portal NCG News conversou com as autoridades ligadas à indústria e comércio das maiores cidades do estado do Paraná: Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel, Curitiba e Foz do Iguaçu, visando verificar o impacto das restrições durante a pandemia. 

As entrevistas sugerem Ponta Grossa como a cidade que menos fechou no estado, com isso, a que menos sofreu com as restrições da pandemia. O município se adaptou mais rapidamente, mantendo 100% das indústrias funcionando e retomando o comércio de maneira ágil e eficiente.

Veja abaixo mais detalhes da situação de cada município:


Ponta Grossa

José Loureiro, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ponta Grossa (Sindilojas), explicou que a região dos Campos Gerais foi destaque no Paraná durante a pandemia, sendo uma das que menos sofreu com as restrições. Isto porque, as indústrias não fecharam em nenhum dia, em todo o período. 

“A região teve um grande crescimento. Nossa prioridade sempre foi não deixar faltarem alimentos, por isso, lutamos para manter as indústrias e os mercados sempre abertos e funcionando, de acordo com os protocolos de segurança”, informa Loureiro. Outro ramo que também teve destaque foi o agronegócio, que continuou produzindo, mesmo durante a pandemia, e superando metas. 

Já dentre os setores mais afetados estão os eventos e a hotelaria. “Muitos bares e restaurantes tiveram prejuízos e até chegaram a fechar, gerando demissões. Alguns locais continuaram abertos, seguindo as recomendações dos decretos”, destaca Loureiro.

Contudo, a fiscalização foi importante e a população também contribuiu, houve casos onde as recomendações de segurança foram negligenciadas e alguns estabelecimentos foram multados por conta da aglomeração”, explica o presidente.

Para finalizar, José Loureiro informa que a prefeitura sempre tentou encontrar um ponto de equilíbrio no setor comercial, sem causar muitos impactos para a economia da região. “Apesar das dificuldades, neste ano, voltamos à ativa e esperamos superar todo este período difícil”, finaliza.

Londrina

Ovhanes Gava, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Londrina (Sincoval), explicou como ficou a situação da cidade durante a pandemia. “Como representante do comércio varejista e de mais 43 municípios da região, posso dizer que pelo lockdown e restrições, Londrina foi uma das cidades que mais sofreram pela alteração de horário”.

Ovhanes explica que as mudanças de horário acabaram confundindo os consumidores e trazendo um impacto às empresas e lideranças. Segundo o presidente, em linhas gerais, todo o comércio foi afetado e a cidade teve muitas baixas. Porém, após o decreto do governo sobre a possibilidade do home office, algumas empresas conseguiram manter o quadro de funcionários. “O reflexo daquelas empresas que chegaram a reduzir seus funcionários está aparecendo agora, pois, estamos em passos lentos, e estas empresas podem sofrer impacto diante daquilo que estamos pretendendo trazer de retomada para a economia”, explica Ovhanes.

Já na questão do uso de máscaras, o presidente diz que Londrina se comportou bem. A Secretaria Municipal de Saúde procurou o Sincoval para a tomada de algumas ações no começo deste ano, inclusive com a utilização de exames de positivados que já valiam como atestado médico. “Assim a gente conseguiu, de alguma forma imediata, reduzir o número de pacientes contaminados ou não nos postos de saúde. Então, isso foi inédito. Foi a primeira cidade do estado do Paraná a aderir a esta campanha”, informa.

Com a flexibilização do uso de máscaras, o comércio foi receptivo na cidade, pois, segundo Ovhanes, muitas pessoas que estavam reclusas em casa acabaram saindo e frequentando espaços de compra novamente. “Nós temos sete shoppings, então isso imediatamente trouxe uma demanda, e a expectativa é que a gente consiga já restabelecer o movimento em um prazo de seis meses”, finaliza.

Maringá

Dercílio Constantino, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Maringá e Região (Silvamar), informou como Maringá se comportou diante da pandemia. 

No dia do fechamento geral do comércio, Dercílio explica que todos foram pegos de surpresa, tendo dificuldades inicialmente como o horário reduzido e fechamento de empresas. “Começamos com o horário reduzido, então foi aquela dúvida geral. Aos poucos, tivemos a flexibilização destes horários, quando fomos voltando à ativa”, relata. 

O presidente explica que as áreas que tiveram mais prejuízo foram os bares e restaurantes. Alguns estabelecimentos fecharam e não conseguiram mais reabrir, gerando a baixa de muitos funcionários. “Nossos governantes não sabiam como lidar com a situação, se deveríamos reduzir o horário ou expandir. A gente sempre achou que se expandisse o horário seria melhor para todos, para não gerar aglomeração”, explica o presidente.

Neste ano, o comércio da cidade já está trabalhando sem interferências de horários.

Cascavel

Leopoldo Nestor Furlan, presidente do Sindicato dos Lojistas e do comércio Varejista de Cascavel e Região (Sindilojas), informou que os setores que mais sofreram na pandemia eram aqueles não considerados essenciais. “Os materiais de construção, mercados, farmácias, e outros, acabaram sendo privilegiados, podemos dizer, porque aumentaram seu faturamento, apesar das restrições”, explica. Em contrapartida, Leopoldo conta que os bares e restaurantes foram os mais prejudicados.

Estes setores sofreram em função de não ter uma regulamentação direta, de acordo com o presidente. “Os empresários faziam compras de produtos, e chegava um novo decreto, e eles acabavam perdendo o produto por não conseguir comercializar”. O próprio consumidor também teve dúvidas em relação aos horários, o que fez com que estes setores passassem dificuldades, e demitindo funcionários.

“Cascavel é uma cidade polo. Ela atende a toda a região. E em função dessa pandemia, ela acabou também passando por períodos difíceis, principalmente na área de saúde”. Leopoldo explica que houve a falta de produtos, de medicamentos e de mercadoria. Algumas mercadorias, ainda, começaram a subir o preço.

Já o setor de alimentação funcionou normalmente. Mas, a cidade acabou tendo problemas com alguns setores e algumas empresas que, em função da pandemia, não conseguiram atender seus clientes da maneira certa e muitas acabaram demitindo funcionários por falta de segurança, sem saber o que aconteceria no dia seguinte.

Já em 2022, o presidente informa que as empresas voltaram a contratar e houve aumento de novas empresas. Inclusive, aconteceram diversos casos de pessoas que perderam o emprego durante o período e, atualmente, são empreendedores, que geram empregos e oferecem novos serviços.

“Podemos dizer que, pelo menos em Cascavel, tivemos um grande crescimento no setor gastronômico, principalmente sobre o investimento em novas pessoas, que se reinventaram”, explica Leopoldo. Para finalizar, o presidente relata que a pandemia trouxe muitas mudanças, sejam boas ou não. “Mas isso faz parte da nossa evolução e vamos trabalhar, com certeza, investindo em educação. Nós teremos em breve uma melhor qualidade de vida”, finaliza.

Curitiba

Camilo Turmina, presidente da ACP - Associação Comercial do Paraná, contou sobre como a pandemia afetou a capital do Paraná.

“Os setores mais afetados, sem dúvida, foram os de comércio. Em Curitiba, nós tivemos 252 dias afetados pela pandemia. Tivemos dias em que o comércio de rua abriu das 10h às 16h, e os shoppings das 12h às 20h. Não tenho dúvida, estes serviços foram os mais impactados”, explica Camilo.

O presidente explica que muitas lojas foram fechadas, e 15% dos negócios que eram ativos desapareceram, como bares, restaurantes e churrascarias. A área de serviços foi bem impactada e lojistas que não mudaram a forma de venda, acabaram fechando. “Sobreviveram os resilientes, os que tinham uma lista, um rol de clientes fiéis. Os que mandaram mensagem, falaram que tinha alguma coisa especial para oferecer, trouxeram descontos, facilidades, fizeram entregas, entre outros. Esses sobreviveram”, informa Camilo. 

Após a liberação das máscaras do comércio, o presidente informa que, na capital, há um terço das pessoas ainda usando máscara, especialmente os comerciários. A economia já tem melhoras, mas ainda sofre impactos pela inflação e pela incerteza, não apenas do Covid-19, mas a incerteza mundial. “Quando é que essas guerras que afetam os nossos custos, vão parar? O consumidor está preso porque está perdendo dinheiro e poder de compra em função dessa inflação gigante que vem aí”, relata Camilo.

O presidente finaliza explicando que para quem sobreviveu a toda a pandemia e todos os erros de lockdown, o comércio vai bem. “Tudo vai se acomodando, vai se ajeitando e nós vamos torcer e ter esperança. Precisamos ter a esperança de que teremos dias melhores para nós e para toda a humanidade”, finaliza.

Foz do Iguaçu

Itacir Mayer, presidente do Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Foz de Iguaçu e Região (Sindilojas), trouxe o relato de como a pandemia afetou a cidade, considerada um dos polos turísticos do Paraná.

“Nós tivemos um período de pandemia assustador, porque em Foz o impacto foi muito grande. Primeiramente, foi aquele susto, e aí vem aquele monte de complicações porque havia muitas reservas em hotéis e pessoas em viagens. A gente poderia receber, mas não acolher, pois, se acolhesse, estava tudo fechado”, explica Itacir. 

O presidente informa que foram muitos desempregos, principalmente na área hoteleira, mesmo com a negociação entre proprietários e trabalhadores. “Mas o comércio também foi extremamente afetado, porque Foz tem uma coligação muito forte com a rede hoteleira. Chegam os turistas, e passam a fazer compras na cidade”, conta. Apesar disso, alguns comércios se destacaram, como farmácias, mercados e materiais de construção, consideradas atividades essenciais. Estes tiveram um bom resultado, ou, pelo menos, mantiveram uma quantidade de trabalhadores.

“Nesse período todo foi um processo muito difícil, mas o comércio esteve unido com o Sindilojas e demais representações. Estivemos sempre à frente e junto com as decisões do prefeito”, informa Itacir. Logo nos primeiros meses, a cidade já conseguiu, com uma abertura programada em horários diferenciados, melhorar o fluxo no transporte. O que facilitou a abertura do comércio por regiões. “Então, já começaram a surgir os primeiros sinais de vendas de atividade, de operações e as coisas foram retomando o seu devido lugar”, relata o presidente.

Hoje, o comércio de Foz do Iguaçu está bem recuperado, atingindo seus volumes de vendas normais e turismo. “Estamos muito confiantes no comércio. Esperamos uma recuperação muito boa agora, com a suspensão e liberação total do uso da máscara. Foz de Iguaçu vem sorrindo novamente para os seus visitantes e o comércio todo está de porta aberta”, finaliza.

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