27/05/2022 às 15h48min - Atualizada em 27/05/2022 às 15h48min
Ódio perpetuado por gerações: psicóloga de PG fala sobre a violência contra pessoas trans
Nesta semana, um homem foi preso suspeito por matar, esquartejar e enterrar o corpo de sua ex-namorada, Bianca, travesti de 33 anos
Da assessoria
Foto: Reprodução
Nesta quarta-feira (25), homem é preso suspeito por matar, esquartejar e enterrar o corpo de sua ex-namorada, Bianca Machado Rodrigues, travesti de 33 anos, em Aparecida de Goiânia, Goiás. A Polícia Civil encontrou partes do corpo escondidas debaixo do sofá e numa mata fechada.
Ao sair da casa dele, a vítima iria ao trabalho em um salão de beleza, onde atuava como cabelereira, mas não foi mais vista por amigos e familiares. O nome do homem não foi revelado pela Polícia Civil, mas este confessou o crime e até identificou os lugares onde havia escondido as partes do corpo.
Segundo o Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2021, divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), no ano passado, tivemos ao menos 140 assassinatos de pessoas trans, sendo 135 de travestis e mulheres transexuais. Em 2020, o Brasil chegou a assegurar para si o 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas trans no mundo.
A Psicóloga Jussara Doretto Beneti do Prado, com foco em Autoestima e Relacionamentos, destaca que existe um paradoxo entre o pornô e o assassinato de pessoas trans no Brasil. Anualmente, os maiores sites de pornografia do mundo emitem um relatório com as categorias mais acessadas pelos usuários. Buscas por termos como shemale, transgender, brazilian shemale e ladyboy aparecem na liderança destes sites em todos os países, e no Brasil, alguns vídeos chegam a mais de 45 milhões de visualizações no XVídeos, 14.5 milhões no PornHub e outros quase 920 mil no RedTube, com buscas pelos termos travesti, travesti brasileira e outras variações.
“Existe toda uma construção histórica de hiper sexualização e fetichização do corpo trans, criando uma linha tênue entre o desejo e a violência. É comum ver homens consumindo conteúdos relacionados a pessoas trans na internet ou contratando profissionais do sexo que sejam travestis, onde é possível lhes garantir o anonimato e a segurança de não serem recriminados pelo preconceito existente em nossa sociedade. Isso num país que já liderou por 10 anos consecutivos, como o que mais assassinou travestis e transexuais no mundo todo. O ódio e julgamento contra pessoas trans e travestis é perpetuado por gerações, o que consequentemente, transforma sentimentos e desejos reprimidos em algo repulsivo ou errado. Soma-se a isso a existência em uma sociedade machista, na qual corpos femininos, biológicos ou não, são vistos como objetos para os homens, que aproveitam-se dele para expressar seu poder. Mulheres trans e travestis acabam sujeitas a violências sexuais, de gênero e de transfobia, uma somatória de desrespeitos que é fatal.”, comenta a psicóloga.
Psicóloga Jussara Doretto Benetti do Prado (CRP 08/25852) Atendimento com foco em Autoestima e Relacionamentos Telefone: (42) 99827-3225 E-mail: jussaradbprado@gmail.com