03/06/2022 às 10h02min - Atualizada em 03/06/2022 às 10h02min
Cinco perguntas para Leonardo Puppi
Atual presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa e vice-presidente da ACIPG, o empresário Leonardo Puppi Bernardi tem uma trajetória consolidada entre as entidades empresariais da cidade
Da redação
Foto: Tony Olliver
Atual presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ponta Grossa (CDEPG) e vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), o empresário Leonardo Puppi Bernardi tem uma trajetória consolidada entre as entidades empresariais de Ponta Grossa. Após ocupar postos na FIEP, sindicatos patronais, Bernardi, que já foi funcionário público, mas que pediu exoneração por conta do “baixo ritmo do setor”, assume a missão de criar um plano que organize o crescimento da cidade, traga modernidade e prepare a cidade para o futuro.
A entrevista a seguir mostra os planos e objetivos que ele, enquanto presidente do CDEPG, pretende desenvolver junto às outras entidades públicas e privadas, para que a Princesa dos Campos Gerais continue prosperando.
Quais são os principais objetivos do CDEPG?
Bom, primeiramente o Conselho é uma iniciativa que possui várias instituições que representam todos os setores da sociedade, como conselhos laborais e patronais, ACIPG, UEPG e UTFPR e, também, representantes do Poder Executivo, entre eles a prefeita. Este Conselho tem um “extrato da sociedade”, com representação de todos os segmentos.
O nosso objetivo principal é criar e sugerir um plano de ação voltado ao crescimento, que não seja volátil e resista às mudanças impostas pelo nosso processo democrático. Pois, as eleições a cada quatro anos, e o fato dos governantes, em sua maioria, tenderem a pensar na reeleição, podem fragilizar os planos de longo prazo, ou fazer com que eles caiam no esquecimento pelo caminho. Então, esse Conselho deseja ser algo legítimo, perene e relevante para garantir o crescimento organizado do município por décadas.
Um exemplo dos nossos objetivos, é a construção de um Plano Master (Master Plan) baseado na consolidação de dados indicadores, específicos da nossa cidade. Séries históricas como a matrícula de crianças e adolescentes nas escolas, a taxa de emprego, média salarial, ligações de água e energia, atendimentos da área de saúde, ocorrências de segurança pública, etc. Através desses dados, cruzados com outras bases de dados já consolidados, e projetados para o futuro, poderão nos indicar fraquezas que precisam ser resolvidas agora e orientar a atração de novas oportunidades de captação de investimentos. Pretendemos criar um plano de crescimento, pensando nos 220 anos de Ponta Grossa, que acontecerá em 2043. Visto que é algo capaz de trazer prosperidade para a nossa cidade, consideramos que será um presente do Conselho para a população do município. Vale salientar que cidade com população acima de 500 mil habitantes costumam ter problemas que atualmente não temos, mas que podemos mitigar desde já. Certamente chegaremos aos 500 mil cidadãos nos próximos 12 anos, ou menos. E considerando o crescimento da macro região, nos aproximaremos de 800.000 pessoas vivendo num raio de 250km.
Na sua opinião, quais os setores econômicos de mais destaque e que mais movimentam Ponta Grossa?
Sem dúvidas, o carro-chefe é a agroindústria. Sempre foi e ainda é. Embora hoje a nossa economia esteja se diversificando. Hoje temos um polo cervejeiro fortíssimo, com as duas maiores empresas do Brasil. No setor de embalagens temos a Tetrapak, Crown, que produz embalagens de papel e alumínio. Ainda estão por vir outras grandes empresas como a de fabricação de malte e lúpulo, necessários para sermos auto-suficientes. Foram quase 25 anos de trabalho para chegarmos nesse estágio de desenvolvimento da cadeia produtiva completa.
Nos últimos anos temos visto também um aquecimento na cadeia industrial, causada pela vinda do setor automobilístico. Com a instalação da DAF e Tatra em Ponta Grossa, vieram também seus fornecedores, setores financeiros e empresas do ramo logístico.
Outro ramo que cresce bastante com isso, até para atender essa demanda crescente, é o setor comercial, que precisa se reinventar e melhorar para termos segurança alimentar, peças de reposição de máquinas, e itens básicos de consumo. Durante a pandemia descobrimos fragilidades, a começar pelo baixo grau de digitalização dos nossos pequenos comércios.
Quais foram os principais desafios enfrentados durante a pandemia em Ponta Grossa, no setor econômico? Em um cenário pós-pandemia, como o CDEPG tem trabalhado para alcançar um melhor desenvolvimento na cidade?
Ponta Grossa agiu muito bem, muito equilibradamente. Fechou na hora que tinha que fechar e foi reabrindo gradualmente. Acredito que se houvessem indicadores para medir como as cidades reagiram à pandemia, tenho certeza Ponta Grossa teria se destacado, nesse aspecto. Agora, em relação a esse pós-pandemia, o Conselho, através da coordenação da Dra. Prisicila Garbelini Jaronski, vice-presidente na ocasião, juntamente com cinco professores escalados pelo nosso reitor da UEPG e conselheiro do CDEPG, Miguel Sanches Neto, elaboraram um plano de retomada econômica.
Com a equipe formada, cada um deles ficou responsável por um eixo de trabalho que, através de algumas pesquisas, visava demonstrar o que a cidade precisaria fazer para sair da estagnação econômica no menor tempo. Isso foi levado para cada secretário municipal, para ser colocado em prática. Uma das ações foi a flexibilização dos horários do comércio, que aliviou também a questão da mobilidade urbana, diminuindo a demanda nos horários de pico.
Uma das atribuições do CDEPG é gerir o Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico - FMD, estabelecendo programas e prioridades para aplicação de seus recursos. Você teria exemplos de como é feita essa gestão?
O Fundo Municipal de Desenvolvimento Econômico teve origem após a criação do Conselho. Até então, não chegaram muitas doações, talvez pelo fato do Conselho ainda não ter realizado um chamamento para isso. É uma conta sob a titularidade da prefeitura e administrada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico. Hoje, o nosso atual tesoureiro é o secretário de fazenda, Cláudio Grokoviski.
Pretendemos fazer esse chamamento nos próximos meses, com a finalidade de reunir um volume grande de recursos para viabilizar a elaboração do “Masterplan” para Ponta Grossa, que poderá elevar significativamente a nossa cidade. Inclusive, já estamos conversando com empresas que realizaram esses estudos para os conselhos de Maringá e Cascavel. O investimento financeiro é alto, entretanto, muito pequeno frente aos benefícios que esse plano de médio e longo pode trazer para a sociedade, principalmente para as camadas de menor renda, mais dependente dos serviços públicos.
Por exemplo, Maringá fez esse estudo anos atrás e foi pioneira. Na época, o investimento foi algo na casa de R$ 1,5 milhões. O mais interessante foi que os estudos mobilizaram toda sociedade, desde o taxista, doando corridas para os consultores, hotéis cedendo diárias, e até as pizzarias, com doações aos voluntários da cidade, que trabalharam duro até altas horas para concluir o projeto em alguns meses.
Um trabalho assim, além de muito bonito, é muito importante para o futuro de uma cidade como a nossa. Seus benefícios podem fortalecer toda a região dos Campos Gerais. Em Maringá, esse estudo impactou positivamente os municípios vizinhos, que também prosperaram. É uma máxima. Não adianta melhorarmos se o nosso entorno não melhorar também. Estamos realizando um grande esforço para unir todas as camadas e levar esse projeto a frente.
Como o Conselho age na questão de atrair investidores para Ponta Grossa?
Não conduzimos isso de maneira ativa, entretanto, logo que tomamos conhecimento de empresas à procura de locais para se instalar no estado, entramos em ação. Atualmente, as atividades para atrair investimentos é feita pela Agência Paraná, hoje InvestPar, juntamente com a Secretaria de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional. A recepção da Prefeita também é muito importante, “abrindo as portas da cidade” e colocando toda a sua estrutura administrativa engajada na captação. Quando os investidores, em geral, buscam fugir da capital, é justamente aí que encontram Ponta Grossa, pois temos diversas vantagens como: posição geográfica, infraestrutura logística, recursos humanos qualificados, mobilidade urbana relativamente boa, e também boa estrutura educacional, cultural e recreativa. Um conjunto de fatores que os analistas ficam felizes em encontrar, e também, atributos que o Conselho busca fomentar para atrair mais e melhores investimentos.